Nem
todos que levantaram seus olhos encaram a ameaça
externa, Faraó, da mesma maneira. E, esse olhar
diagnostica, revela a estrutura do EU-SOU, da identidade
formada, do ser, nos momentos de crise.
Para
termos uma idéia, existem pessoas que tem uma
estrutura esquizofrênica, mas nunca desenvolve
essa fragilidade, porque não encontrou uma situação,
um problema na vida cotidiana, que desencadeasse, despertasse
essa falha da personalidade. Mas, por outro lado tem
pessoas que encontra os faraós da vida, e imediatamente
aparecem os sintomas da falha da estrutura mental. Estes
sintomas revelam quem realmente a pessoa é.
Voltar
para o Egito significa acabar os problemas e camuflar
a real estrutura da personalidade. Tomar psicotrópicos
é mascarar o real problema e continuar vivendo
uma vida com o papel que a sociedade deseja. Desejo
do Outro.
Quantos
estavam naquela multidão a ponto de ter um ataque
de pânico? Quantos estavam em crise com sua estrutura
se esvaindo, querendo voltar para o Egito, voltar à
escravidão. Este regresso ao Egito é a
mesma coisa que voltar a fase do desenvolvimento mental
anterior. O que, para a Psicanálise, é
REGRESSÃO.
O
ser humano tem uma estrutura mental que deve se desenvolver
ao longo da sua história, relacionada a sua estrutura
biológica. Ele pode ser um adulto biológico,
mas ter uma estrutura mental de uma criança,
porque houve atraso no desenvolvimento, este não
acompanhou o ritmo considerado normal, paralelo ao corpo.
A batalha é
interior. O conflito é psíquico.
Então,
podemos ter um adulto se comportando como criança.
Querendo voltar a ser bebê, querendo voltar ao
seio da mãe, querendo voltar para a terra de
Gósen, no Egito. A escravidão torna-se,
nestas circunstâncias, um ganho secundário
de uma neurose. Neurose que revela um conflito psíquico,
uma anomalia da alma, um defeito na estrutura.
O
engraçado é que essas ameaças,
esse teatro da vida é tudo realizado no campo
simbólico, imaginário e trazido para o
real.
Cont...