Servir
os egípcios é voltar a admirar a imagem de
Faraó como se fosse a sua.
“Não
é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para
que sirvamos os egípcios? Pois melhor nos fora servir
aos egípcios do que morrermos no deserto
(Ex 14.12).”
Se o ser humano
pudesse contemplar em seu rosto, em tempo real, o resultado
da imagem do homem do pecado, ele se assustaria. Nenhuma
imagem se compraria a ela. Não existiria Narciso.
O
homem nasceu do pecado e a medida que a idade vai avançando
vai recebendo gradualmente os sinais de seu salário:
a morte. Como está escrito:
“Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus nosso Senhor (Rm 6.23).”
A maquiagem e
os produtos de beleza poderiam até camuflar a real
situação, mas não por todo o tempo.
O salário
do Egito é a morte. Servir os egípcios é
semear a sepultura.
A
medida que o tempo vai passando o NEGATIVO do ser humano
vai se revelando. Ninguém pode deter a revelação
de sua essência. A aparência, pensa ser o homem
ser sua essência, mas não passa de um produto
vencido. A embalagem está com data de validade prorrogada.
Prorrogada até o produto se permitir renovar.
Se pudéssemos acelerar o tempo cronológico,
para projetar o Narciso que somos na estampa do nosso corpo,
provavelmente levaríamos o alerta de Deus com mais
seriedade.
Israel estava querendo voltar a olhar a imagem de seu negativo,
despertado pela tentação do pecado.
Voltando a falar
sobre pintura de Salvador Dali:
“Há
quem discuta se a metamorfose do título está
em Narciso que se transforma na imagem da mão com
o ovo, ou o contrário. A primeira idéia é
facilmente embasada através da simbologia das imagens.
Narciso é apresentado como um objeto inanimado, sem
vida, como uma forma crisálida. A mão tornou-se,
além da forma de Narciso morto, uma mão que
agora segura uma nova vida na forma de uma flor. O próprio
Dalí disse que essa pintura tratava sobre a morte
e petrificação de Narciso. Na Metamorfose,
pela experiência da plenitude do ser, o corpo converte-se
em lugar de fina criação e fonte de todos
os renascimentos. A fria e pálida magreza dos dedos
de pedra lembra o destino de todos os corpos sujeitos à
erosão do tempo. Onde se extinguiu o dourado reflexo
da vida, soçobrou o solitário esqueleto, na
presença do qual até o céu escurece,
carregando a leveza das nuvens com uma armadura de chumbo.”
Inconscientemente
a humanidade percebe a sua trajetória para a sepultura.
Percebe, mas não toma nenhuma atitude sobre a questão.
Pelo contrário, busca alternativas para desacelerar
o processo. Busca operações plásticas
para retardar, ocultar o inevitável: sinais da morte
que se aproxima.
Cont...